«Ir ao psicólogo? Isso (NÃO!) é para “malucos”»
Por Filipa Marques
Hoje vamos combater um estigma. O estigma de ir ao psicólogo.
E só se combatem estigmas falando sobre eles.
Os psicólogos eram, no passado (recente), profissionais a quem se recorria em último recurso. Por sua vez, a generalidade das pessoas que aos psicólogos recorriam eram vistas pela sociedade como alguém desajustado ou “com problemas”, chegando muitas vezes a ser ridicularizadas por esse motivo e talvez possivelmente até com a célebre frase “Psicólogo? Isso é para malucos!”. Percebe-se que, talvez por isso, fosse necessário a pessoa encontrar-se de tal forma frágil emocionalmente para recorrer a um destes profissionais e, muitas vezes, em segredo.
Felizmente, “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Ao longo do tempo, os psicólogos têm vindo a ser cada vez mais reconhecidos pelo impacto positivo e pela necessidade premente do seu trabalho na sociedade. Afinal, se procuramos um médico quando uma perna está partida, porque é que não podemos procurar quem nos ajude a ultrapassar uma depressão? É que, tal como partir a perna, encontrar-se numa tristeza extrema também traz implicações e limitações sérias à nossa vida – por exemplo, falta de energia para as nossas tarefas, ausência de prazer ao estar com as pessoas que mais gostamos ou ao fazer os nossos hobbies e dificuldades a nível da memória. Numa situação severa até mesmo falta de vontade de viver.
Os psicólogos não são nada mais do que profissionais que estudam o comportamento humano e, por isso, são capazes de compreender o funcionamento da pessoa, ou seja, a forma como se comporta, como pensa e como sente. Mas isto não é algo mágico ou muito menos “leitura de pensamento” – é fruto de estudo científico e do conhecimento que se vai adquirindo sobre como cada pessoa é. Assim, o psicólogo tem as ferramentas necessárias para ajudar a pessoa a lidar com experiências de vida dolorosas ou até traumatizantes (ex. perda de emprego, relações familiares complexas), pensamentos e sentimentos negativos ou incómodos (ex. baixa autoestima ou ideias excessivamente persistentes) e comportamentos que interferem com o bem-estar (ex. dificuldade na relação com os outros ou necessidade de organização que limite o normal decorrer do quotidiano). Podemos ir ao psicólogo até simplesmente porque queremos transformar algo em nós, melhorar determinada característica ou simplesmente conhecermo-nos melhor. Sim, porque o psicólogo tem as ferramentas, mas a transformação ocorre no interior de cada pessoa e é ela que a realiza.
Com isto, deixo uma frase a ecoar em vós. “Há sempre a escolha entre voltar atrás para a segurança ou seguir em frente para o crescimento. O crescimento deve ser escolhido uma, duas, três e infinitas vezes” (Maslow).
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